25 de abr. de 2010

I.M.L.

Para Ademir e Sávio
Era negra aquela manhã. Pessoas chorando suas perdas. Um trabalho difícil pra executar. Uma dor que perseguia seu coração há algum tempo. Ele era sozinho. E jornalista.
Se emocionou com as dores de alguns; ordenou seu assistente; se interessou por um caso especial e de repente se aproximaram dois homens: um deles, delegado e velho parceiro. O outro, tinha cabelos bem pretos e lisos, olhos bem pretos e puxados, corpo bem definido e gostoso, um sorriso bem largo e contagiante e foi apenas o que ele pode ver antes de dizer: Olá!
Depois de saber que aquele homem também era delegado e que acompanharia o caso que o tinha interessado, perdeu completamente o sono.
No dia seguinte, estava com uma coragem pra vida, fora do comum. No outro, estava com uma ansiedade exacerbada. No outro ainda, via nas ruas e avenidas aqueles olhos salientes e devoradores perseguindo-o por toda a parte. Quando já não conseguia mais disfarçar sua inquietação, recebeu um telefonema.
Foram bares, jantares, almoços, fins de tardes, boates, sorrisos, trabalhos e amor.
Sim, era amor.
Eles não sabiam explicar e não pareciam muito querer saber. Mas se entregaram, se sentiram, se possuíram, se desejaram como nunca haviam desejado ninguém. Tanto a-mor.
Mas tinha um capítulo daquele amor que não era prazeroso saber. Aquele cabelo era alisado por outrem que já tinha lhe dado um fruto de olhinho igual. Tanto a-mar.
Mas a sábia senhora Vida, pra não ver aquele sentimento ser destruído, tratou de se desgarrar daquele corpo monumental, pra que o resto fosse o-mar.
Assim sendo, ele segue, um mar sem beleza, um amor sem amar, uma vida sem ninguém.
Ele/eu sozinho.

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