A acrobata de éter

Era amor.
sujou suas mãos naquela coisa branca, impregnante,
era assim que ele era.
Era amor.
tomou um doce de dor, de coragem, de viagem,
era assim que ele era.
Era amor.
agarrou com muita força aquele mastro nada tenro,
era assim que ele era.
Era amor.
começou a balançar e a viajar nas alturas,
era assim que era.
Era amor.
vestia branco e tinha vontade de voar cada vez mais alto
era assim que era.
Era amor.
e voava e gozava e voava e gozava e queria mais
era assim que era.
Era amor.
sofria.
era assim que ela era.
nunca vil.
era assim que ela era.
sofria com toda a elegância.
era assim que ela era.
não tinha percebido ainda.
era assim que ela era.
Era amor.
no auge da sua viagem, do seu gozo,
conheceu o seu sentimento.
Era amor.
não conseguiu alcançar o mastro
não conseguiu a sua plenitude
não conseguiu o seu magnetismo
e como tentava apenas chegar mais perto de si,
chegou à lua.
Era assim que ela era.
É a minha memória
É a minha acrobata de éter
É o meu amor.