26 de dez. de 2009

A-DOR-ESSÊNCIA

“Que você me machuque! Sempre tenho medo disso!”
Mas eu já te dei esse motivo?
“Psicologicamente sim, fisicamente de jeito nenhum! Quando você fica em silêncio, não me responde ou me deixa esperando!”
Eu não entendi! Por isso vai me abandonar? O que você quer dizer com essas coisas? Psicologicamente? Silêncios? Respostas? Esperas?
“Eu não sei! Eu estou confusa! Eu preciso de um tempo pra pensar! Só um tempo, ok?!”
Não. Eu não tenho esse tempo. Eu não quero te dar esse tempo. Eu não quero uma relação de marido e mulher que já não se suportam há dez anos. Eu quero você na minha vida com a sua devida importância, nem mais, nem menos. Eu quero acordar e saber que eu posso te ver e/ou te ligar a qualquer minuto; estar triste e contar contigo sempre; receber suas ligações desesperadas e ir correndo te salvar de situações inusitadas; ouvir suas confissões e rir ou chorar delas.
“Tenta me entender. Ai que vontade de chorar. Eu... não sei... eu...”
Não. Chega. Você não vai chorar. Não dessa vez. Você é minha melhor amiga e isso aqui está parecendo uma discussão de casal chato. Quem tem que entender alguma coisa aqui é você! Tem um ano que a gente se conhece, foi a melhor descoberta desse ano, mas somos apenas, se é que posso falar “apenas”, melhores amigos. Não fomos pro altar prometer ficarmos juntos até que a morte nos separe, perante Deus. Eu quero poder errar. Eu quero poder ouvir suas broncas pra aprender mais com você. Chega dessa sua fragilidade fingida. Olha pra você, pra sua vida. Você não tem nada de frágil. Tudo bem se sentir carente às vezes, sozinha às vezes, mas não cobra de mim mais do que eu posso te dar.
Olha, muitas vezes eu fico em silêncio por te admirar tanto. É. Às vezes a minha admiração por você me deixa burro, sem palavras, sem ação. Ou então eu calo pra não te contaminar, porque sei que a minha influência é grande, sem falsa modéstia.
Eu só te deixo sem resposta quando eu também não as tenho. Esse mundo é muito louco e perverso, muitas vezes temos que lidar com as coisas de olhos cerrados mesmo.
Eu não estou tentando te convencer que sou o homem mais perfeito do mundo, eu só estou tentando te mostrar o quanto você é importante pra mim. E a espera nada mais foi do que uma mistura de: “duas doses de um dia chato com três doses de ciúmes”.
Toda essa fala é tão infantil quanto a minha pessoa, que não sabe tratar dos sentimentos e das sensações trazidas numa amizade de verdade. Amigos, foi a coisa que mais cativei e cultivei nessa vida e quando achei que sabia como tratá-los, essa danada da vida me mostrou que ainda tenho muito o que aprender.
Fala pra mim o que você está sentindo! Pensando agora!
“Ai amado, eu amo você”
Eu também amada. Por isso que eu falei tudo isso. Entendeu? Eu achei é que EU não estava te entendendo!
“Você nunca me entendeu, minha criança!”

Alisou o seu rosto por um tempo, o vestiu e o botou pra fora do estabelecimento sem deixar que ele abrisse mais a boca, calando-o sempre com beijos. Chorou atrás da porta por um tempo, enquanto rasgava as inúmeras cartas e fotos que o adolescente escrevera e mandara durante o decorrer daquele ano. Quando levantou, viu um bilhete que havia sido deixado por debaixo da porta.
Se um dia eu souber o que é o amor, talvez eu me arrependa de tudo isso”.

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